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Desmistificando a Renda Fixa (EUA)

Um guia rápido para você começar a investir em renda fixa
Tela Bloomberg com os titulos mais negociados do Tesouro Americano

Bonds, bônus, títulos, notas, debentures etc. dependendo da sua fonte de informação vão lhe “ensinar” a associar um desses nomes a classe de ativo chamada: RENDA FIXA.


So para efeito de organização do pensamento, existem várias classes de ativos, porém as mais comuns são: CASH & EQUIVALENTS, FIXED INCOME, EQUITIES e ALTERNATIVOS.


Você deve estar se perguntando por que estou me referindo as classes de ativos em inglês?


Bem, primeiro porque na minha humilde opinião, a tradução tupiniquim que foi feita no passado é fonte de confusão, dúvida, e interpretação errada. Infelizmente, eu teria que me aprofundar mais na história dos mercados para demonstrar esses erros. Já que isso fugiria de nosso proposito hoje, eu fico a disposição para elaborar sobre o assunto se você tiver vontade de saber.


Portanto, a tradução que adoto como correta é: DINHEIRO (CASH) e EQUIVALENTES, RENDA FIXA, AÇÕES[1] e ALTERNATIVOS.


Vamos hoje focar apenas na RENDA FIXA.


[1] Note que eu não gosto de chamar ações de “renda variável”, porque em sua essência, a ação NÃO É um instrumento financeiro de renda. Ou seja, em minha humilde opinião profissional, isso é um erro tupiniquim para a palavra “Equity”, que não tem tradução para o português.


Introdução

Os bonds, bônus, títulos, notas, debentures etc. – também conhecidos como renda fixa – são em sua essência um ativo financeiro; um empréstimo; um compromisso de dívida; um “IOU” (I OWE YOU, ou “EU DEVO A VOCE”); um instrumento financeiro, que gera uma renda fixa (ou variável) ao longo de um período especificado.


Governos e empresas[2] tomam dinheiro empresado para financiar suas operações quando emitem instrumentos de dívida e prometem devolver o valor emprestado, mais algum tipo de rendimento concordado entre as partes no momento da emissão, em um documento chamado INDENTURE (ESCRITURA).


Ou seja, quando um governo, autoridade pública ou empresa quer arrecadar dinheiro para suas operações, o que ele faz? Uma das opções é emitir instrumento [título] de renda fixa, como no exemplo abaixo, que são comprados por investidores.



INDENTURE antigamente...
Philip Morris Bond: Valor de Face $40,000 com vencimento em April 1, 1991 e cupon de 14% por ano.

Um fundo de investimento negociado em bolsa como o ETF (Exchange Traded Funds) é uma coleção (ou cesta) de instrumentos (títulos, ações etc.) que é negociado em tempo real durante o pregão da bolsa. Um fundo de investimento mútuo também é uma coleção (ou cesta) de instrumentos (títulos, ações etc.) que é apenas negociado NO FIM do pregão após o fechamento e contabilização de todos os preços dos ativos do fundo.


O mercado global de bonds, títulos, etc., é MUUUUITO maior do que o mercado de ações. E o simples fato de que os instrumentos de renda fixa NÃO SÃO homogêneos como as ações[3], as negociações desses instrumentos são normalmente feitas via balcão e não eletronicamente.


[2] Pessoas e famílias também tomam dinheiro emprestado, mas não é o foco de hoje. [3] Ações são “claims” (direitos, reinvindicações etc.) homogêneas sobre o capital líquido, ou excedente após obrigações, das empresas.


Entendendo a Renda Fixa

Os instrumentos de dívidas são normalmente os mais simples de serem entendidos, por que não existe dúvidas sobre o que representam ou ao que se referem, já que no contrato entres as partes (INDENTURE), todos os detalhes da emissão são determinados.


O primeiro passo para entender os instrumentos de renda fixa é o conhecimento dos elementos mais comuns e importantes do instrumento que são parte do contrato. A lista abaixo é apenas informativa e não reflete todos os elementos de uma “INDENTURE” ou escritura. Por isso é sempre bom consultar um profissional qualificado e independente para lhe ajudar com suas necessidades especifica e objetivos de investimento.

  1. Principal: O principal ou valor nominal é a quantidade de dinheiro que o emissor recebe emprestado e promete pagar na maturidade. Essa quantia também é conhecida como valor de face.

  2. Taxa de cupom: A taxa de cupom é a taxa de juros que o emissor promete pagar aos detentores de títulos. Essa taxa é geralmente expressa como uma porcentagem do valor nominal e é paga em intervalos fixos, como anualmente, semestralmente, trimestralmente ou mensalmente.

  3. Data de vencimento: A data de vencimento é a data em que o emissor promete pagar o valor principal de volta aos detentores de títulos. Essa data também é conhecida como data de resgate ou maturidade.

  4. Rendimento: O rendimento é o retorno anualizado do investimento que um detentor de títulos recebe de um instrumento de renda fixa. O cálculo leva em consideração a taxa de cupom, o preço de compra e a data de vencimento do título.

  5. Classificação de crédito: As agências de classificação de crédito atribuem classificações de crédito aos instrumentos de renda fixa com base na capacidade do emissor de pagar suas dívidas. Quanto maior a classificação de crédito, menor o risco de inadimplência.

  6. Recursos de resgate antecipado (Call feature): Um recurso de resgate antecipado permite ao emissor resgatar o título antes da data de vencimento. Esse recurso beneficia o emissor se as taxas de juros caírem, pois eles podem refinanciar sua dívida a um custo mais baixo.

  7. Recursos de venda antecipada (Put feature): Um recurso de venda antecipada permite ao detentor do título vender o título de volta ao emissor antes da data de vencimento. Esse recurso beneficia o detentor do título se as taxas de juros subirem, pois eles podem reinvestir seus fundos a uma taxa mais alta.

  8. Liquidez: Liquidez refere-se à facilidade com que um instrumento de renda fixa pode ser comprado ou vendido no mercado. Títulos altamente líquidos são facilmente negociáveis, enquanto títulos ilíquidos são mais difíceis de vender.

  9. Preço de mercado: O preço de mercado de um instrumento de renda fixa é o preço pelo qual ele pode ser comprado ou vendido no mercado. Esse preço é determinado pela oferta e demanda pelo título e pode flutuar com base em vários fatores de mercado como a taxa de juros praticada no momento da operação.

  10. Risco de inadimplência: O risco de inadimplência refere-se ao risco de que o emissor possa não ser capaz de pagar suas dívidas. Esse risco é maior para títulos com classificações de crédito mais baixas e pode resultar em perda do principal para o detentor do título.

Agora que você já conhece os elementos mais básicos, comuns e importante do instrumento de renda fixa vamos responder algumas perguntas frequentes sobre os instrumentos de renda fixa.


Perguntas frequentes

Por que investidores escolhem títulos (bonds) para investir?

Investidores escolhem investir em títulos por várias razões, incluindo:

  • Renda estável: Os títulos geralmente fornecem uma fonte fixa de renda na forma de pagamentos de cupom, tornando-os uma escolha popular para investidores que procuram uma fonte confiável de renda.

  • Diversificação: Investir em títulos pode ajudar a diversificar uma carteira, já que os títulos geralmente têm diferentes características de risco e retorno do que ações e outros investimentos. Isso pode ajudar a reduzir o risco geral da carteira.

  • Preservação de capital: Os títulos podem ser menos voláteis do que as ações, tornando-os uma opção potencial para investidores que desejam preservar seu capital e minimizar o risco de perder dinheiro.

  • Gerenciamento de risco: Os títulos podem servir como uma proteção contra a inflação, mudanças nas taxas de juros e outros riscos de mercado, ajudando os investidores a gerenciar o risco em suas carteiras.

  • Objetivos de investimento: Os investidores podem escolher títulos para atender a objetivos de investimento específicos, como financiar sua aposentadoria ou economizar para a educação de um filho.

No geral, os títulos podem ser uma parte importante de uma carteira de investimentos diversificada, fornecendo resiliência e uma variedade de benefícios para investidores que buscam renda, gerenciamento de risco e preservação de capital.


Por que o vencimento do título é importante?

A maturidade de um título e um fator importante a considerar ao investir em títulos de renda fixa. Você pode comprar títulos com todos os tipos de datas de vencimento – variando de alguns meses a muitos anos. Títulos com datas de vencimento mais longas – digamos daqui a 20 anos – são considerados mais arriscados do que títulos mais curtos. Isso ocorre porque é difícil saber como será a economia no futuro. Os títulos de longo prazo tendem a pagar uma taxa de juros mais alta porque o detentor do título está mais exposto a riscos de taxa de juros e inflação.


Segue abaixo mais algumas razões pelas quais a maturidade dos títulos é importante:

  • Risco de taxa de juros: Títulos com maturidades mais longas são geralmente mais sensíveis às mudanças nas taxas de juros do que aqueles com maturidades mais curtas. Se as taxas de juros aumentarem, o valor de um título com uma maturidade mais longa diminuirá mais do que o valor de um título com uma maturidade mais curta. Por outro lado, se as taxas de juros caírem, o valor de um título com uma maturidade mais longa aumentará mais do que o valor de um título com uma maturidade mais curta.

  • Fluxo de caixa: A maturidade de um título pode afetar o fluxo de caixa que um investidor recebe do investimento. Títulos com maturidades mais longas geralmente oferecem pagamentos de cupom mais altos, o que pode fornecer aos investidores uma fonte de renda mais significativa. No entanto, pode levar mais tempo para receber o valor principal completo do título.

  • Objetivos de investimento: Os objetivos de investimento de um investidor também podem influenciar a maturidade dos títulos em que escolhem investir. Por exemplo, se um investidor tiver um horizonte de investimento de curto prazo, poderá optar por investir em títulos com maturidades mais curtas, enquanto um investidor com um horizonte de longo prazo poderá optar por investir em títulos com maturidades mais longas.

  • Liquidez: Títulos com maturidades mais curtas geralmente são mais líquidos do que aqueles com maturidades mais longas. Isso significa que os investidores podem comprar ou vender títulos com maturidades mais curtas com mais facilidade, o que pode ser uma vantagem em certas condições de mercado.

Em geral, a maturidade de um título é um fator importante a considerar ao investir em títulos de renda fixa, pois pode afetar o risco do investimento, o fluxo de caixa e a adequação aos objetivos de investimento de um investidor.


Qual é o valor de um título?

Matematicamente falando, o valor de um título é igual ao valor presente de seus fluxos de caixa futuros, incluindo pagamentos de cupom e o pagamento final do principal na maturidade. O valor de um título flutua com base em mudanças nas taxas de juros de mercado, risco de crédito do emissor e outros fatores.


O valor presente dos fluxos de caixa do título é calculado usando uma taxa de desconto, que reflete o custo de oportunidade de investir no título em relação a outros investimentos com características de risco semelhantes. A taxa de desconto é normalmente determinada pelas taxas de juros de mercado vigentes e pelo risco de crédito do título.


Se as taxas de juros de mercado aumentarem, o valor do título diminuirá porque os pagamentos fixos do cupom do título se tornam menos atrativos em comparação com outros investimentos com taxas de cupom mais altas. Por outro lado, se as taxas de juros de mercado caírem, o valor do título aumentará à medida que seus pagamentos fixos do cupom se tornarem mais atrativos.


Além das taxas de juros, o risco de crédito do emissor do título também pode afetar o valor do título. Se a solvência do emissor piorar, o valor do título diminuirá porque os investidores exigirão um retorno mais alto para compensar o aumento do risco de inadimplência e vice-versa.


Em geral, o valor de um título é determinado pelo valor presente de seus fluxos de caixa esperados, que são influenciados por uma série de fatores, incluindo as taxas de juros de mercado vigentes, risco de crédito e condição financeira do emissor.


Por que é importante avaliar o crédito de um emissor de títulos de renda fixa?

É importante avaliar a solvência do emissor de um título porque isso afeta diretamente o risco de inadimplência e o potencial para os investidores receberem seus pagamentos prometidos. Uma avaliação de classificação de crédito pode fornecer informações sobre a probabilidade da capacidade do emissor em pagar juros e pagamentos de principal no prazo, bem como o potencial risco de inadimplência.


Para avaliar a solvência do emissor de um título, os investidores podem usar agências de classificação de crédito, como Standard & Poor's, Moody's e Fitch, que fornecem classificações de crédito com base na condição financeira e na solvência do emissor.

Essas classificações geralmente são baseadas em fatores como estabilidade financeira do emissor, desempenho operacional e capacidade de cumprir suas obrigações financeiras.


Os investidores também podem examinar as demonstrações financeiras do emissor, como o balanço patrimonial, demonstração de resultados e fluxo de caixa, para avaliar sua posição financeira e capacidade de cumprir suas obrigações de dívida. Além disso, os investidores podem analisar outros fatores que podem impactar a solvência do emissor, como mudanças no ambiente regulatório, tendências do setor e condições econômicas.


No geral, avaliar a solvência do emissor de um título é crucial para que os investidores possam tomar decisões de investimento informadas e gerenciar sua exposição ao risco. Ao analisar vários fatores relacionados à condição financeira e solvência do emissor, os investidores podem avaliar melhor os riscos e recompensas potenciais de investir em uma determinada emissão de títulos.


Em Resumo

Títulos são um tipo de instrumento de renda fixa que permitem que os investidores emprestem dinheiro para um emissor em troca de pagamentos periódicos de juros e o retorno do principal no vencimento.


Investidores em títulos escolhem esses investimentos porque eles normalmente oferecem uma fonte de renda estável e podem ajudar a diversificar sua carteira de investimentos.


A maturidade de um título é importante porque afeta a quantia de juros pagos e o risco de inadimplência. Títulos de longo prazo normalmente oferecem taxas de juros mais altas, mas carregam maior risco.


O valor de um título depende de uma variedade de fatores, incluindo a solvência do emissor, as taxas de juros prevalecentes e as condições do mercado.


É importante avaliar a solvência do emissor de um título para avaliar os potenciais riscos e recompensas de investir em uma emissão de títulos específica. Investidores podem usar agências de classificação de crédito e analisar as demonstrações financeiras do emissor para avaliar sua solvência.




 

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